Eleições unificadas e fim da reeleição: Bahia se prepara para uma nova era política

Eleições unificadas e fim da reeleição: Bahia se prepara para uma nova era política
Por Thyago Maia | Jornal Baiano
Brasília / Salvador – A proposta de emenda à Constituição (PEC 12/2022), aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, pode transformar radicalmente a rotina política dos baianos. O texto propõe mandatos únicos de cinco anos, o fim da reeleição para cargos do Executivo e a unificação de todas as eleições a partir de 2034.
A medida ainda precisa ser aprovada em dois turnos no plenário do Senado e da Câmara dos Deputados, mas já tem provocado debates acalorados em Salvador e no interior do estado.
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O QUE MUDA, NA PRÁTICA:
• Presidente, governadores e prefeitos não poderão mais ser reeleitos;
• Todos os cargos eletivos terão mandato de 5 anos;
• A partir de 2034, as eleições para presidente, governador, prefeito, senador, deputado e vereador serão realizadas no mesmo dia.
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OS FAVORÁVEIS DIZEM:
• Economia pública: eleições a cada cinco anos geram menos gastos com estrutura e pessoal.
• Governabilidade: gestores deixam de viver em campanha e podem focar na gestão.
• Renovação política: acaba a vantagem de quem já está no poder e estimula novas lideranças.
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OS CONTRÁRIOS ALERTAM:
• Apagamento do debate local: eleições municipais podem perder espaço na pauta diante da disputa nacional.
• Justiça Eleitoral sobrecarregada: pleito unificado exige mais estrutura técnica e logística.
• Menos prestação de contas: mandatos mais longos e sem reeleição podem diminuir a pressão popular.
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O IMPACTO NA BAHIA:
Com 417 municípios, a Bahia sentirá fortemente a mudança. Cidades como Filadélfia, Monte Santo, Itiúba e Capim Grosso vivem realidades onde o prefeito é a figura política mais próxima do povo. Em muitos desses municípios, a disputa local mobiliza mais do que a eleição para presidente.
O senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da CCJ, defende a proposta:
“É hora de romper o ciclo da campanha permanente e garantir mais foco na gestão pública.”
Mas a visão não é unânime. O ex-prefeito de Filadélfia, Louro Maia, que governou o município por cinco mandatos, acredita que a unificação pode prejudicar a democracia local:
“Aqui no interior, a eleição para prefeito é mais importante que a de presidente. O povo quer saber quem vai cuidar da rua, do posto de saúde, da escola. Se misturar tudo, a gente perde voz, perde identidade. E quem sofre é a comunidade.”
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TRANSIÇÃO COMEÇA EM 2028:
As eleições de 2024 e 2026 seguem como estão. Já em 2028, prefeitos e vereadores eleitos terão mandato de 6 anos, sem reeleição. O objetivo é alinhar o calendário para que, em 2034, ocorra a primeira eleição geral unificada, com todos os cargos em disputa.
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UMA NOVA POLÍTICA?
Se aprovada, a PEC inaugura um novo capítulo na democracia brasileira. Menos eleições, mais tempo de gestão e novas oportunidades para líderes emergentes. Mas também traz desafios: será que os eleitores terão tempo e atenção para escolher todos os cargos com a devida consciência?
A Bahia, com sua tradição de liderança municipal forte, será um dos estados mais impactados. E, como sempre, o voto do povo dirá se o novo modelo cumpre o que promete